Povo! Povo infeliz! Povo mártir eterno, tu és do cativeiro o Prometeu moderno…
Castro Alves
País: Brasil
Tipo: Poeta
De inveja eu não morro, mas mato um bocado!
Não sabes, criança? Estou louco de amores...
A praça, a praça é do Povo! Como o céu é do Condor! É antro onde a liberdade Cria a águia ao seu calor!
Amar e ser amado! Com que anelo, com quanto ardor este adorado sonho, acalentei em meu delírio ardente, por essas doces noites de desvelo!
A justiça do escravo está na força.
Tem o povo - mar violento por armas - o pensamento, a verdade por farol e o homem, vaga que nasce no oceano popular, tem que impelir os espíritos, tem uma plaga a buscar.
O perfume é invólucro invisível, que encerra as formas da mulher bonita.
Ai! Que vale a vingança, pobre amigo. Se na vingança, a honra não se lava?
Era o relampejar da liberdade nas nuvens do chorar da humanidade, ou sarça do Sinai, relâmpagos que ferem de desmaios revoluções, vós deles sois os raios. Escravos, esperai!
Ontem plena liberdade, a vontade por poder, hoje... Cúmulo de maldade, nem são livres pra morrer...
Ó pátria desperta, não curves a fronte que enxuga-te os prantos o Sol do Equador. Não miras na fímbria do vasto horizonte a luz da alvorada de um dia melhor.
O livro caindo na alma, é germe que faz a palma, é chuva que faz o mar.
Bendito aquele que semeia livros e faz o povo pensar.
E o povo é como a barca em plenas vagas, a tirania é o tremedal das plagas, o porvir - a amplidão. Homens! Esta lufada que rebenta é o furor da mais lôbrega tormenta, ruge a revolução.
A terra anda em duas rodas: uma é o amor e a outra é o ouro.
Senhor, não deixes que se manche a tela, onde traçaste a criação mais bela de tua inspiração. O sol de tua glória foi toldado teu poema da América manchado. Manchou-o a escravidão.
E bradei: 'Meu canto, voa, terra ao longe! Terra à proa! Vejo a terra do porvir!'
Auriverde pendão de minha terra, que a brisa do Brasil beija e balança, estandarte que a luz do sol encerra e as promessas divinas da esperança.
Eu já não tenho mais vida! Tu já não tens mais amor! Tu só vives para o riso, eu só vivo para dor.
Basta! Eu sei que a mocidade é o Moisés no Sinai das mãos do eterno recebe as tábuas da lei! Marchai! Quem cai na luta com glória. Tomba nos braços da história, no Coração do Brasil.
Amemos, porque o amor é um santo escudo.
Na hora em que a terra dorme enrolada em frios véus, eu ouço uma reza enorme enchendo o abismo dos céus.
O riso é a estrela do horizonte da alma.
Tudo vem me lembrar que tu fugiste, Tudo que me rodeia de ti fala. Inda a almofada, em que pousaste a fronte O teu perfume predileto exala...
Toda noite - tem auroras, raios - toda escuridão, moços, creiamos, não tarda a aurora da redenção.
Cresce, cresce, seara vermelha, cresce, cresce, vingança feroz.
Oh! por isso, Maria, vês me curvo na face do presente escuro e turvo e interrogo o porvir, ou levantando a voz por sobre os montes, 'Liberdade' pergunto aos horizontes, 'Quando enfim hás de vir?'
Não calqueis o povo-rei! Que este mar d'almas e peitos, com vagas de seus direitos, virá partir-vos a lei.
Tu és a estrela vésper que alumia aos pastores das arcádias dos fraguedos.
Prendi meus afetos, formosa Pepita... Mas, onde? No tempo? No espaço? Nas névoas? Não rias... Prendi-me num laço de fita!