Bebamos! Nem um canto de saudade! Morrem na embriaguez da vida as dores! Que importam sonhos, ilusões desfeitas? Fenecem como as flores!
Álvares de Azevedo
País: Brasil
Tipo: Escritor(a)
Sinto no meu coração uma necessidade de amar, de dar a uma criatura este amor que me bate no peito. Mas ainda não encontrei uma mulher - uma só - por quem eu pudesse bater de amores.
Se eu morresse amanhã, viria ao menos fechar meus olhos minha triste irmã, minha mãe de saudades morreria, se eu morresse amanhã!
Descansem o meu leito solitário. Na floresta dos homens esquecida, à sombra de uma cruz e escrevam nela: Foi poeta, sonhou e amou na vida.
Respiro o vento, e vivo de perfumes no murmúrio das folhas de mangueira, nas noites de luar aqui descanso e a lua enche de amor a minha esteira.
Um pescador remando, o mar rimando, alguém admirando.
Todo o vaporoso da visão abstrata não interessa tanto como a realidade da bela mulher a quem amamos.
Em negócios de amor, nada de sócios.
Amemos! Quero de amor viver no teu coração! Sofrer e amar essa dor que desmaia de paixão!
Sou o sonho de tua esperança, tua febre que nunca descansa, o delírio que te há de matar!
A vida é um escárnio sem sentido. Comédia infame que ensanguenta o lodo.
Morro, morro por ti! Na minha aurora a dor do coração, a dor mais forte, a dor de um desengano me devora... Sem que última esperança me conforte.
É difícil marcar o lugar onde pára o homem e começa o animal, onde cessa a alma e começa o instinto - onde a paixão se torna ferocidade. É difícil marcar onde deve parar o galope do sangue nas artérias, e a violência da dor no crânio.
Amo-te como o vinho e como o sono. Tu és meu copo e amoroso leito... Mas teu néctar de amor jamais se esgota. Travesseiro não há como teu peito.
Ontem à noite sonhei de corpo inteiro, acordei com teu cheiro.
Já da morte o palor me cobre o rosto, nos olhos meus o alento desfalece, surda agonia o coração fenece, e devora meu ser mortal desgosto!
Luz amarela no quarto dela, ali se espera que um sonho entre pela janela.
Invejo as flores que murchando morrem, e as aves que desmaiam-se cantando e expiram sem sofrer...
O materialismo é árido como um deserto, escuro como um túmulo.
Deixo a vida como deixo o tédio.
Não há melhor túmulo para a dor do que uma taça cheia de vinho ou uns olhos negros cheios de languidez.
Nas trevas o relâmpago fascina, a selva se incendeia, chuva de fogo pelas serras hirtas fantástica serpeia...
O espírito é variável como o vento... Mais coerente é o corpo, e mais discreto. Mudaste muita vez de pensamento, mas nunca de teu vinho predileto...
Vais ler uma página da vida, cheia de sangue e de vinho...