Não me lembro mais qual foi nosso começo. Sei que não começamos pelo começo. Já era amor antes de ser.
Clarice Lispector
País: Brasil
Tipo: Escritor(a), Jornalista
Perder-se também é caminho.
Não tenho tempo pra mais nada, ser feliz me consome muito.
Sou como você me vê. Posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania, depende de quando e como você me vê passar.
Minhas desequilibradas palavras são o luxo do meu silêncio.
Minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem de grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite.
Mas você - eu não posso e nem quero explicar, eu agradeço.
Suponho que me entender não é uma questão de inteligência e sim de sentir, de entrar em contato... ou toca, ou não toca.
Passei a vida tentando corrigir os erros que cometi na minha ânsia de acertar.
Olhe, tenho uma alma muito prolixa e uso poucas palavras. Sou irritável e firo facilmente. Também sou muito calmo e perdôo logo. Não esqueço nunca. Mas há poucas coisas de que eu me lembre.
Tenho várias caras. Uma é quase bonita, outra é quase feia. Sou um o quê? Um quase tudo.
A raiva é a minha revolta mais profunda de ser gente? Ser gente me cansa. Há dias que vivo da raiva de viver.
Mas tenho medo do que é novo e tenho medo de viver o que não entendo - quero sempre ter a garantia de pelo menos estar pensando que entendo, não sei me entregar à desorientação.
Naquele Carnaval, pois, pela primeira vez na vida eu teria o que sempre quisera: ia ser outra que não eu mesma.
Carnaval era meu, meu. No entanto, na realidade, eu dele pouco participava.
Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença. Mas às vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco: quer-se absorver a outra pessoa toda. Essa vontade de um ser o outro para uma unificação inteira é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida.
Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido. Eu não: quero uma verdade inventada.
Eu não sou tão triste assim, é que hoje eu estou cansada.
Liberdade é pouco. O que eu desejo ainda não tem nome.
O que importa afinal, viver ou saber que se está vivendo?
É curioso como não sei dizer quem sou. Quer dizer, sei-o bem, mas não posso dizer. Sobretudo tenho medo de dizer porque no momento em que tento falar não só não exprimo o que sinto como o que sinto se transforma lentamente no que eu digo.
Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro.
Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento.
Amar os outros é a única salvação individual que conheço: ninguém estará perdido se der amor e às vezes receber amor em troca.
Vocação é diferente de talento. Pode-se ter vocação e não ter talento, isto é, pode-se ser chamado e não saber como ir.
Que ninguém se engane, só se consegue a simplicidade através de muito trabalho.
Brasília... uma prisão ao ar livre.
Com todo perdão da palavra, eu sou um mistério para mim.
Saudade é um dos sentimentos mais urgentes que existem.
O que verdadeiramente somos é aquilo que o impossível cria em nós.
Eu não sou promíscua. Mas sou caleidoscópica: fascinam-me as minhas mutações faiscantes que aqui caleidoscopicamente registro.