Poeta, Brasil
Eu, filho do carbono e do amoníaco, Monstro de escuridão e rutilância, Sofro, desde a epigênesis da infância, A influência má dos signos do zodíaco.
Acostuma-te à lama que te espera! O Homem, que, nesta terra miserável, Mora entre feras, sente inevitável Necessidade de também ser fera.
Com um pouco de saliva quotidiana Mostro meu nojo à Natureza Humana. A podridão me serve de Evangelho... Amo o esterco, os resíduos ruins dos quiosques E o animal inferior que urra nos bosques E com certeza meu irmão mais velho!
Não sou capaz de amar mulher alguma, o amor da humanidade é uma mentira.
Tome, Dr., esta tesoura, e... corte minha singularíssima pessoa. Que importa a mim que a bicharia roa todo o meu coração, depois da morte?!
Como um fantasma que se refugia. Na solidão da natureza morta, por trás dos ermos túmulos, um dia, eu fui refugiar-me à tua porta!
Ninguém doma um coração de poeta!
O amor! Quando virei por fim a amá-lo?!
Para iludir a minha desgraça, estudo. Intimamente, sei que não me iludo!
Cansado de chorar pelas estradas. Exausto de pisar mágoas pisadas. Hoje eu carrego a cruz das minhas dores.
Aurora ideal dos dias meus risonhos, quando, úmido de beijos em ressábios... Teu riso desponta, despertando sonhos...
A esperança não murcha, ela não cansa, também como ela não sucumbe a crença. Vão-se sonhos nas asas da descrença, voltam sonhos nas asas da esperança.
A infelicidade parece às vezes com a felicidade e os infelizes mostram ser felizes.
Que mal o amor me tem feito, duvidas?! Pois, se duvidas, vem cá, olha estas feridas que o amor abriu no meu peito.
O beijo, amigo, é a véspera do escarro, a mão que afaga é a mesma que apedreja.
Escarrar de um abismo noutro abismo, mandando ao Céu o fumo de um cigarro, há mais filosofia neste escarro do que em toda a moral do cristianismo!
Ah! Dentro de toda a alma existe a prova de que a dor, como um dardo, se renova quando o prazer barbaramente a ataca.
Ambiciono que o idioma em que eu te falo. Possam todas as línguas decliná-lo. Possam todos os homens compreendê-lo.
Ah! Num delíquio de ventura louca, vai-se minha alma toda nos teus beijos, ri-se o meu coração na tua boca!
Vês! Ninguém assistiu ao formidável Enterro de tua última quimera. Somente a Ingratidão – esta pantera – Foi tua companheira inseparável!
Para onde fores, Pai, para onde fores, irei também, trilhando as mesmas ruas... Tu, para amenizar as dores tuas. Eu, para amenizar as minhas dores.
Provo que a mais alta expressão da dor consiste essencialmente na alegria.
O amor, poeta, é como cana azeda, a toda boca que não prova, engana.