A verdadeira beleza é tão particular, tão nova, que não se reconhece como beleza.
Marcel Proust
País: França
Tipo: Escritor(a)
A verdadeira viagem de descobrimento não consiste em procurar novas paisagens, e sim em ter novos olhos.
Certas recordações são como os amigos comuns, sabem fazer reconciliações.
A ambição embriaga mais do que a glória.
Tão múltiplos são os interesses de nossa vida que não é raro que, numa mesma circunstância, os marcos de uma felicidade que ainda não existe estejam pousados ao lado da agravação de um mal de que sofremos.
Só nos curamos de um sofrimento depois de o haver suportado até ao fim.
Deixemos as mulheres bonitas aos homens sem imaginação.
Por vezes, estamos demasiado dispostos a crer que o presente é o único estado possível das coisas.
Para tornar a realidade suportável, todos temos de cultivar em nós certas pequenas loucuras.
Logo de manhã, com a cabeça ainda voltada para a parede, e antes de ver, acima das grandes cortinas da janela, que matiz tinha a raia de luz, já eu sabia como estava o tempo.
Não era o mal que lhe dava ideia do prazer, que lhe parecia agradável, era o prazer que lhe parecia maligno.
Mas nesse estranho período do amor, o individual assume algo de tão profundo, que aquela curiosidade que sentia despertar em si relativamente às menores ocupações de uma mulher era a mesma que tivera outrora pela História.
Ou porque a fé que cria se haja estancado em mim, ou porque a realidade só se forme na memória, as flores que hoje me mostram pela primeira vez não me parecem flores de verdade.
Os dias talvez sejam iguais para um relógio, mas não para um homem.
Só se ama o que não se possui completamente.
Existem autores originais em quem a menor ousadia causa revolta, eles antes não tiveram o cuidado de lisonjear os gostos do público e não serviram os lugares comuns a que ele está habituado.
Em amor é um erro falar-se de uma má escolha, uma vez que, havendo escolha, ela tem de ser sempre má.
Às vezes, sem o sabermos, o futuro está em nós, e as nossas palavras supostamente mentirosas descrevem uma realidade que está próxima.
A felicidade é no amor um estado anormal.
As pessoas querem aprender a nadar e ter um pé no chão ao mesmo tempo.
Coisa estranha que tais palavras, 'umas duas ou três vezes', nada mais que palavras, palavras pronunciadas no ar, a distância, possam assim dilacerar o coração como se o tocassem de verdade, possam fazer adoecer, como um veneno que se ingerisse.
A felicidade é salutar para o corpo, mas só a dor robustece o espírito.
São as paixões que esboçam os nossos livros, e o intervalo de repouso entre elas que as escreve.
Um livro é um grande cemitério onde, sobre a maioria dos túmulos, não se podem mais ler os nomes apagados.
Para quem ama, não será a ausência a mais certa, a mais eficaz, a mais intensa, a mais indestrutível, a mais fiel das presenças?
Mais vale sonharmos a nossa vida do que vivê-la, embora vivê-la seja também sonhar.
O ciúme é muitas vezes uma inquieta necessidade de tirania aplicada às coisas do amor.
Não chegamos a mudar as coisas conforme nosso desejo, mas aos poucos o nosso desejo muda.
A calma que resultava de minhas angústias findas dava-me uma alegria extraordinária, não menos que a espera, a sede e o medo do perigo.
Ele não podia saber, pelo menos por si mesmo, que era esnobe, pois nós só conhecemos as paixões dos outros, e o que chegamos a saber das nossas apenas são eles que no-lo vão dizer.
Porque o arrependimento, como o desejo, não procura analisar-se, mas sim satisfazer-se.