De escrever para marmanjos já me enjoei. Bichos sem graça. Mas para crianças um livro é todo um mundo.
Monteiro Lobato
País: Brasil
Tipo: Escritor(a)
Tudo é loucura ou sonho no começo. Nada do que o homem fez no mundo teve início de outra maneira — mas já tantos sonhos se realizaram que não temos o direito de duvidar de nenhum.
A excelente dona Inácia era mestra na arte de judiar crianças.
Escrever é gravar reações psíquicas. O escritor funciona qual antena - e disso vem o valor da literatura. Por meio dela, fixam-se aspectos da alma dum povo, ou pelo menos instantes da vida desse povo.
Porque tenho sido tudo, e creio que minha verdadeira vocação é procurar o que valha a pena ser.
A coisa que menos me mete medo é o futuro.
A natureza criou o tapete sem fim que recobre a superfície da terra. Dentro da pelagem desse tapete vivem todos os animais, respeitosamente. Nenhum o estraga, nenhum o rói, exceto o homem.
A mulher não é inferior nem superior ao homem. é diferente. No dia em que compreendermos isso a fundo, muitos mal-entendidos desaparecerão da face da terra.
No fundo não sou literato, sou pintor. Nasci pintor, mas como nunca peguei nos pincéis a sério, arranjei, sem nenhuma premeditação, este derivativo de literatura, e nada mais tenho feito senão pintar com palavras.
Assim como é de cedo que se torce o pepino, também é trabalhando a criança que se consegue boa safra de adultos.
Ainda acabo fazendo livros onde as nossas crianças possam morar.
O certo em literatura é escrever com o mínimo possível de literatura. A mim me salvaram as crianças. De tanto escrever para elas, simplifiquei-me.
Acho a criatura humana muito mais interessante no período infantil do que depois de idiotamente tornar-se adulta.
Um país se faz com homens e livros.
Nada de imitar seja lá quem for. Temos de ser nós mesmos. Ser núcleo de cometa, não cauda. Puxar fila, não seguir.
O que mais aprecio num estilo é a propriedade exata de cada palavra.
Quem mal lê, mal ouve, mal fala, mal vê.
Quem morre pelo seu país vive eternamente.
A primeira vítima da televisão vai ser a velha e boa Saudade, que no fundo é filha da Lentidão e da Falta de Transportes. A saudade desaparecerá do mundo. Em breve futuro a palavra 'longe' se tornará arcaísmo.
Aqui jaz um homem que nunca leu a 'Brasiliana' nem ouviu a Hora do Brasil.
Erro pensar que é a ciência que mata uma religião. Só pode com ela outra religião.
No fundo, o que há contra mim é inveja em conseqüência de minha vitória comercial nas letras. Até o fim do ano, passo dos 2 milhões em minhas tiragens.
Tentei arrancar de mim o carnegão da literatura. Impossível. Só consegui uma coisa: adiar para depois dos 30 o meu aparecimento. Literatura é cachaça. Vicia.
O verdadeiro amigo de um pintor não é aquele que o entontece de louvores; mas sim o que lhe dá uma opinião sincera, embora dura, e lhe traduz chãmente, sem reservas, o que todos pensam dele por detrás.
Tudo vem dos sonhos. Primeiro sonhamos, depois fazemos.
Passei nesta prisão, General, dias inolvidáveis, dos quais me lembrarei com a maior saudade. Tive o ensejo de observar que a maioria dos detentos é gente de alma muito mais limpa e nobre do que muita gente de alto bordo que anda à solta.
Eu me acho capaz de escrever para os Estados Unidos por causa do meu pendor para escrever para crianças. Acho o americano sadiamente infantil.
Meu plano agora é um só: dar ferro e petróleo ao Brasil.
Há dois modos de escrever. Um, é escrever com a ideia de não desagradar ou chocar ninguém. Outro modo é dizer desassombradamente o que pensa, dê onde der, haja o que houver - cadeia, forca, exílio.
Se quer viver feliz na América, não se mostre duro com os cães – nem desrespeitoso para com a americana. São dois dogmas muito sérios.
O que não somos nunca é ovelha - fiel ovelha do Santo Padre, de Sua Majestade o Rei, do Partido, da Convenção Social, dos Códigos da Moral Absoluta, do Batalhão, de tudo que mata a personalidade das criaturas.